quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Análise: Tudo Pelo Poder

Enfim, consegui ver (ainda esse ano) um dos candidatos ao Oscar e indicado ao Globo de Ouro de Melhor drama. Trata-se de Tudo Pelo Poder (The Ides of March), thriller político dirigido por George Clooney. Enquanto deva admitir que não sou exatamente um grande fã de política - acompanho razoavelmente, fico por dentro das notícias, voto conscientemente como um bom cidadão, mas o interesse para por aí -, também deixo claro que gosto muito do gênero, enquanto cinema. Tudo Pelo Poder apareceu desde muito cedo como candidato em potencial para as principais premiações do cinema, mas foi ignorado fortemente pelas associações de críticos. Porém, com o Globo de Ouro vieram quatro importantes indicações e um novo gás ao filme. E agora posso dizer por mim mesmo: o filme é realmente muito bom.

Ryan Gosling interpreta Stephen Meyers, assessor júnior do pré-candidato do partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, o governador da Pensilvânia Mike Morris (o próprio Clooney). Stephen é um jovem cheio de ambição e ideais, que acredita extremamente no caráter do homem para quem trabalha e que vê na política sua maior paixão e meta de vida. Durante os eventos do filme, ele e seu superior, o assessor sênior Paul Zara (Philip Seymour Hoffman), estão auxiliando Morris na campanha das eleições primárias em Ohio contra seu adversário, o senador Ted Pullman. Vencer a primária de Ohio praticamente garante a indicação de Morris pelo partido, e os nervos de todos estão a mil. Porém, enquanto tudo caminha para uma vitória fácil de Morris ali, Stephen recebe uma proposta do assessor de Pullman, Tom Duffy (Paul Giamatti), para virar a casaca e se juntar à equipe do senador. Stephen recusa a princípio, mas conforme a data da votação se aproxima, mais ele começa a ter dúvidas do caráter até então inabalável de seu candidato. E quando ele começa a se envolver com uma estagiária da campanha, Molly (Evan Rachel Wood - ainda bem que vocês não conseguem ouvir meu suspiro neste ponto), ele tomará conhecimento de segredos dos bastidores que abalarão de vez suas convicções. As decisões que será obrigado a tomar serão determinantes para seu futuro na política e para tudo que ele deseja algum dia ser. E o preço a pagar pode ser muito caro.

O mundo da política que Clooney pinta não é bonito. É um mundo de traições, de escândalos abafados ou não, de escolhas que mostram quem você é e como os limites que você impõe ou ignora revelam muito sobre você, nem sempre de maneira positiva. O personagem de Gosling precisa se modificar conforme vai fazendo descobertas a respeito de tudo que está oculto na campanha, mas isso é natural. Porém, são as escolhas de seu personagem, mais do que tudo, que revelam quais cartas ele está disposto a por na mesa e até onde ele pode ir. Embora o roteiro não faça juízos de valor, mas sim apenas apresente os fatos e deixe a nós o papel de juízes, fica escancarado o tom de repúdio e descrença dos valores modernos que se entranharam na política. É possível fazer política de modo honesto, mas esse método está fora de moda. O que existe agora são nada mais que lobos lutando pelo maior pedaço de carne, e é cada vez mais difícil mergulhar nesse mundo sem abdicar de sua alma.

Tudo Pelo Poder é uma fábula moderna, uma análise quase fria de um cenário complexo e problemático. O filme começa bem devagar, parecendo sem intenção de chegar realmente a algum lugar, mas vale a pena seguir em frente, acredite. O clima fica bem mais intenso conforme a história progride e o roteiro reserva algumas boas surpresas. As atuações estão maravilhosas e Clooney sabe bem o que quer em sua direção. O filme pode deixar um gosto amargo na boca quando os créditos entram, mas como uma boa fábula, há uma moral. E o que fazemos com ela, é por nossa conta.

Nota: 4,5 de 5,0.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Análise: Missão Impossível 4 - Protocolo Fantasma

Eu realmente não sei dizer como fui parar no cinema hoje para assistir o quarto filme da série Missão Impossível hoje, que eu sequer estava planejando ver. Imagine uma combinação de precisar sair de casa para fazer compras de Natal mais a vontade de fazer a primeira resenha para o blog de algum filme que estivesse efetivamente ainda passando nos cinemas e você terá uma ideia. Para ser sincero, eu sequer lembrava que o filme estava em cartaz e não fui para o cinema com ele em mente, mas quando percebi, já estava lá, e com certo medo preconceituoso em minha mente de acabar gostando. Não me entendam mal: eu realmente gostei do primeiro filme da série, achei o segundo ok e não me animei para ver o terceiro (e olha que sou grande fã de J.J. Abrams). O meu temor se baseava na minha ideia de que, depois de tanto tempo, eles conseguiriam fazer um filme tão bom quanto o primeiro. Anda bem que eu estava enganado.

O filme segue o personagem central da série, Ethan Hunt (Tom Cruise). No começo do filme, Ethan está preso em um presídio de segurança máxima na Rússia, por razões que não serão explicadas no filme até bem mais tarde. Ethan é rapidamente resgatado por dois colegas do IMF, a agência para a qual trabalha. Esses colegas são Jane Carter (Paula Patton), que estava liderando uma missão que terminou mal, e Benji Dunn (Simon Pegg), velho conhecido de Ethan recentemente promovido à agente de campo. Ethan recebe a missão de se unir a eles e concluir a missão da agente Carter, que é impedir que um aspirante a terrorista que se autodenomina Cobalto tenha acesso a uma lista de códigos de detonação de armas nucleares. Enquanto tentam descobrir a identidade de Cobalto, Ethan e sua equipe acabam sendo acusados de ser os responsáveis por um ataque terrorista (a cena do ataque me impressionou de verdade e, embora não seja um show de efeitos, já fez o valer o ingresso pela ousadia). O governo americano é obrigado a ativar o Protocolo Fantasma do título, que tira toda a autoridade do MIF e o inutiliza, para evitar uma guerra. Agora, Ethan e sua equipe, que ganha o acréscimo do analista William Brandt (Jeremy Renner), precisam provar sua inocência sem qualquer ajuda, localizar Cobalto e impedir que ele comece a Terceira Guerra Mundial.

Missão Impossível 4, do diretor dos filmes da Pixar Os Incríveis e Ratatouille Brad Bird, é definitivamente tão empolgante que surpreende. O roteiro em si não é genial - o agente acusado injustamente que precisa provar sua inocência e impedir o caos mundial -, mas é bastante eficiente. O filme possui uma montagem bastante boa durante as cenas de ação e o elenco está bastante afiado e carismático. Os efeitos sonoros são os melhores da série, também. Porém, o filme não é um blockbuster impecável. Em primeiro lugar, e o que realmente me incomodou muito, há o personagem de Simon Pegg. Como disse, não vi o terceiro filme, onde ele aparece, mas aqui ele acaba caindo numa situação que vai se tornando irritante ao longo do filme: ele é o alívio cômico que não funciona. Simon Pegg até tenta, mas é justamente com seu personagem que o roteiro mais falha, e o que era para ser um sujeito atrapalhado, mas divertido, vira só um mala mesmo. Em segundo lugar, Cobalto é um vilão super caricato e quase dispensável. Tenho a sensação de que se Ethan Hunt estive combatendo uma célula terrorista inteira o filme seria mais crível e até mais divertido. E quando não está lidando com as cenas de ação, a edição do longa também deixa a desejar em alguns momentos, quebrando o ritmo.

No geral, Missão Impossível 4 é o que você espera da franquia, num nível bem satisfatório. Cenas de ação bem feitas, o grupo de heróis viajando pelo mundo atrás de pistas e pessoas, todos os planos do grupo sendo frustrados e saindo errado para o bem do cinema, uma sequência final estilo corrida contra o relógio que apesar do desfecho óbvio vai te fazer segurar os braços da poltrona com força. Em suma, é um filme que não vê problemas em usar os clichês do gênero e, mesmo sem inovar em nada, consegue agradar e cumprir sua missão de entreter. Pode ver sem medo.

Nota: 3,5 de 5,0.

Trailer oficial de O Hobbit

Pessoalmente, eu considero a adaptação de Peter Jackson para o cinema da trilogia de Tolkien, O Senhor dos Anéis, um clássico e marco do cinema moderno. Arrisco dizer, talvez, que seja minha trilogia preferida do cinema, em meio a tantas outras de qualidade também inegável.

Muita gente compartilha da minha empolgação com a série, de forma que a adaptação em duas partes de O Hobbit para as telas do cinema, também por Jackson, é nada menos do que empolgante para uma legião de fãs. E, para nossa alegria, o primeiro trailer da parte inicial foi divulgado oficialmente hoje. Alguns atores da trilogia reprisarão seu papéis: Ian McKellen como Gandalf, Ian Holm como o Bilbo idoso e Andy Serkis com o já lendário Gollum. Martin Freeman interpretará Bilbo enquanto jovem.

Prenda a respiração e confira o trailer, que tem previsão de estreia para dezembro de 2012:

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Grandes diretores: Martin Scorsese

Não é difícil para um diretor ficar marcado por uma determinada característica em Hollywood, assim como isso também pode acontecer com qualquer um entre seu imenso grupo de atores.  Ao pensar em Scorsese, muita gente o associa rapidamente a filmes de gângsters de clima obscuro e repletos de violência. Sim, é verdade que essa fama se deve por Scorsese de fato ter alcançado a fama com filmes nesse estilo, mas também é preciso ressaltar que o diretor americano já fez em sua extensa filmografia de tudo um pouco. Para surpresa de alguns, até musical ele tem no currículo. Scorsese é um dos grandes mitos do cinema hollywoodiano, um dos poucos ainda na ativa ou, pelo menos, ainda fazendo filmes sucesso de público, crítica e bilheteria.

Descendente de italianos - seus avós paternos eram da Sicília -, Martin Charles Scorsese nasceu em 1942, em Nova York. Fez faculdade de cinema na Universidade de Nova York, onde dirigiu seus primeiros curtas. Seu primeiro sucesso no cinema foi Caminhos Perigosos, de 1973, sua primeira abordagem nas grandes telas do mundo da máfia e sua primeira colaboração com Robert de Niro, que se tornaria uma das mais famosas e frutíferas do cinema. No anos seguinte veio um drama mais tradicional, o muito bem recebido Alice Não Mora Mais Aqui.


Mas foi o ano de 1976 que viu Scorsese entrar para o time de grandes diretores de Hollywood, isso por causa de Taxi Driver. A análise do diretor da insanidade, violência e decadência da vida urbana foi praticamente personificada pelos dois protagonistas do filme. Robert de Niro interpreta genialmente o taxista do título, Travis Bickle, um veterano de guerra com visões muito particulares a respeito das ruas de Nova York e a prostituição que toma conta de suas noites. Eventualmente, Travis mergulha na insanidade e decide assumir para si a função de "limpar" a cidade. Em sua jornada ele encontra Iris, uma prostituta de 12 anos interpretada pela novata Jodie Foster. O roteiro fascinante e cheio de frases memoráveis - You talkin' to me? -, a estética noir do filme e seu desfecho ambíguo se tornaram com o tempo clássicos do cinema.

Em 1980, o diretor levou a história do violento boxeador Jack La Motta para os cinemas com Touro Indomável. De Niro novamente interpretou o protagonista, entregando o que provavelmente foi a melhor atuação de sua carreira, premiada com o Oscar. Rodado em preto e branco, o filme é um drama intenso sobre a carreira instável de La Motta e seus problemas familiares. Para muitos, é a grande obra-prima de Scorsese, apesar de ter recebido críticas reticentes na época de seu lançamento.
Ainda na década de 1980, outro trabalho memorável seu seria A Última Tentação de Cristo. No filme, Cristo imagina, no momento de sua cruxificação, como teria sido sua vida caso ele tivesse fugido com Maria Madalena, ao invés de se deixar ser preso. O filme gerou uma reação irada de muitos grupos religiosos, em especial pela Igreja Católica.

Na década de 1990, seu grande sucesso foi Os Bons Companheiros, que é facilmente um dos melhores filmes de gângsters de todos os tempos. Robert de Niro e Joe Pesci, dois velhos conhecidos de Scorsese, atuam no filme junto com Ray Liotta, mas é Pesci quem de fato rouba a cena e acabou ganhando um Oscar naquele ano - que foi inclusive surpresa para alguns. Na década de 2000, Scorsese viu sua carreira se revitalizar e deu início a uma nova parceria famosa, agora com Leonardo di Caprio. Foram três grandes sucessos seguidos: Gangues de Nova York, O Aviador e Os Infiltrados, sendo que esse último enfim rendeu a Scorsese seu devido Oscar de melhor diretor, pelo qual ele já merecia há uns trinta anos.

Nesta década, Scorsese já dirigiu mais um trabalho com Di Caprio, o ótimo thriller Ilha do Medo, e seu primeiro filme em 3D, assim como primeiro de fantasia, A Invenção de Hugo Cabret, que deve chegar aos cinemas brasileiros em fevereiro. Scorsese pode ter tomado decisões polêmicas em sua carreira, mas seu lugar de direito no panteão de grandes diretores de Hollywood é inegável. A maneira como ele "adota" atores, como fez com Robert de Niro, Joe Pesci e Leonardo Di Caprio, mas sempre é capaz de fazê-los se superar e entregar algo diferente, sua falta de medo de ousar e até mesmo se reinventar e seu cinema sempre de alta qualidade o tornam uma das figuras mais queridas, admiradas e respeitadas entre os fãs de cinema, que esperam sempre novos e excelentes trabalhos do diretor.

Divulgado o primeiro trailer de O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Se ontem mesmo eu elegi O Cavaleiro das Trevas Ressurge como meu filme mais aguardado de 2012, o primeiro trailer do filme foi divulgado oficialmente hoje. Como era de se esperar, o trailer é bem conciso e procura não entregar qualquer spoiler tão facilmente. O que ele parece indicar, contudo, é que o terceiro filme se passa imediatamente após os acontecimentos do segundo. Vemos pouco de Bruce Wayne devidamente caracterizado como Batman, mas podemos dar uma boa olhada no vilão Bane. Também ganha destaque a Selina Kyle interpretada por Anne Hathaway, porém ainda sem o uniforme de Mulher-Gato. Os personagens de Marion Cotillard e Joseph Gordon-Levitt aparecem brevemente, também.
De qualquer forma, o trailer é mais do que suficiente para animar os fãs da franquia assumida por Christopher Nolan. Você pode conferi-lo logo abaixo:

domingo, 18 de dezembro de 2011

Top 10: Os lançamentos mais aguardados de 2012

E o blog começa hoje sua primeira seção com data fixa, o Top 10. Todos os domingos, esperem encontrar aqui um pouco da minha visão pessoal do cinema em forma de algo que o ser humano por algum motivo tem uma atração inexplicável, as listas. E nada mais fim de ano do que fazer listas, não é mesmo? De qualquer forma, queria estrear esta parte do blog olhando para a frente, para o ano de 2012 que irá chegar em menos de duas semanas. Hoje, vamos falar de alguns dos mais aguardados lançamentos que deverão chegar aos cinemas no ano que vem, e por que eles são tão esperados.

Obs.: As supostas datas de lançamento foram extraídas do site do grupo Severiano Ribeiro. Acreditem nelas, ou não (eu mesmo não levo muita fé).

Menções honrosas: Cavalo de Guerra, Histórias Cruzadas, Sherlock Holmes 2: O Jogo das Sombras, Os Vingadores

10 - Prometheus
Diretor: Ridley Scott
Suposta data de lançamento: junho de 2012

Trinta anos depois de Blade Runner, Ridley Scott volta ao gênero que o consagrou, a ficção científica. Originalmente, Prometheus seria uma prequel para Alien, o melhor filme - e primeiro - a misturar terror com ficção científica. Porém, eventualmente a ideia foi sendo abandonada e é incerto o quanto de Alien o novo projeto terá. De qualquer forma, pelo pôster e pelas imagens promocionais divulgadas, é possível ver que os elementos de terror estarão presentes em alguma intensidade no filme. No elenco, estão Charlize Theron, Noomi Rapace, Michael Fassbender e Guy Pearce.

9 - Tão Forte e Tão Perto
Diretor: Stephen Daldry
Suposta data de lançamento: março de 2012

Adaptado de um livro de Jonathan Safran Foer, Tão Forte e Tão Perto promete fazer uma abordagem emocional dos Estados Unidos pós-11 de setembro. Michael Horn interpreta um garoto que tenta reconstruir sua vida ao lado de sua mãe após a morte do pai no atentado às Torres Gêmeas. Para isso, ela cruza Nova York em busca de uma caixa contendo um segredo do pai, que lhe deixou a chave que a abre antes de morrer. O trailer promete um bom filme. O elenco ainda conta com Tom Hanks, Sandra Bullock, Max Von Sydow e Viola Davis.

8 - A Invenção de Hugo Cabret
Diretor: Martin Scorsese
Suposta data de lançamento: fevereiro de 2012

Scorsese faz aqui um filme completamente fora de seus padrões: Hugo Cabret é um filme infantil, de fantasia e filmado para ser rodado em 3D. A fábula conta a história do personagem título, um garoto que vive sozinho numa estação de trem de Paris na década de 1930 e ama os filmes de George Méliès. Hugo possui um projeto secreto herdado de seu pai, um autômato, cujo único componente faltando é uma chave em forma de coração que o faria funcionar. Em sua jornada para fazer a máquina funcionar, Hugo conhece Isabelle, a neta do dono de uma loja de brinquedos que o ajudará de uma maneira inesperada para todos. No elenco, Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kingsley e Sacha Baron Cohen.

7 - O Espião que Sabia Demais
Diretor: Tomas Alfredson
Suposta data de lançamento: janeiro de 2012

Mais um filme da leva de adaptações de livros, dessa vez de um romance do mestre do thriller de espionagem John Le Carré. Gary Oldman vive George Smiley, espião da Circus, agência britânica de espionagem, forçado a se aposentar após um fracasso em uma importante missão. O que Smiley logo descobre, porém, é que existe um sabotador infiltrado entre os espiões da Circus, que foi responsável pelo fracasso em sua missão, e parte numa jornada para encontrar e desmascarar o agente duplo. Outro motivo para ver o filme: Tomas Alfredson é o diretor do terror sueco Deixa Ela Entrar, melhor filme de terror dos últimos tempos. O elenco tem ainda Colin Firth e Mark Strong.

6 - Drive
Diretor: Nicolas Winding Refn
Suposta data de lançamento: janeiro de 2012

Tecnicamente falando, Drive é um filme de 2011, tendo inclusive sido exibido no festival de Cannes, onde ganhou o prêmio de direção, mas a estreia brasileira só vai acontecer mesmo em 2012. Ryan Gosling interpreta um motorista contratado por gângster e mafiosos para fazer fugas rápidas de cenas de crime. O filme foi um dos maiores sucessos internacionais de 2011 e tem um grande elenco formado por Albert Brooks, Carey Mulligan, Ron Perlman e Cristina Hendricks.

5 - As Aventuras de Tintin
Diretor: Steven Spielberg
Suposta data de lançamento: janeiro de 2012

Spielberg dirige essa ambiciosa animação em captura de movimentos baseada no personagem criado pelo belga Hergé. Os personagens mais famosos do universo do personagem estarão na adaptação, incluindo o carismático capitão Haddock. Nem é preciso dizer muita coisa a respeito desse filme: é Steven Spielberg e uma das figuras mais famosas dos quadrinhos. Quer mais? A produção é de Peter Jackson. Forneceram seus movimentos para o filme Jamie Bell, Andy Serkis e Daniel Craig.

4 - Valente
Diretor: Mark Andrews
Suposta data de lançamento: julho de 2012

Pixar. O nome que torna qualquer descrição posterior desnecessária. Mas se é pra animar ainda mais um pouquinho a legião de fãs do estúdio, Valente possui alguns fatos interessantes. É o primeiro filme deles a ter uma mulher como protagonista, e o terceiro centrado em seres humanos, depois de Os Incríveis (que bem, não eram quaisquer seres humanos) e Up. E também é a chance do estúdio apagar das nossas mentes que esse ano teve Carros 2 (por que não uma continuação de Os Incríveis, Pixar? Logo Carros?). Vozes de Kelly McDonald, Julie Walters, Robbie Coltrane e Emma Thompson (fun fact: todos os mencionados atuaram na série Harry Potter).

3 - Os Descendentes
Diretor: Alexander Payne
Suposta data de lançamento: fevereiro de 2012

Alexander Payne é um dos diretores mais badalados de Hollywood da atualidade. Em Os Descendentes, seu mais recente e badalado filme, ele nos apresenta o drama familiar de um rico milionário interpretado por George Clooney, o típico cara que tem tudo menos o amor da família. Sua vida muda completamente quando a esposa entra em coma após um acidente e ele precisa desesperadamente encontrar um meio de se conectar com suas duas filhas. O cenário do filme é a bela ilha de Kaua'i, na história propriedade do personagem de Clooney. No elenco ainda estão Shailene Woodley, Matthew Lillard e Beau Bridges.

2 - O Artista
Diretor: Michel Hazanavicius
Suposta de lançamento: Chegou a aparecer como fevereiro no site do Severiano Ribeiro, depois desapareceu. Então descobri que não há mais previsão. Apenas preocupante.

Imagine uma produção francesa, com diretor e atores principais desconhecidos. Agora fique sabendo que o filme é rodado em preto-e-branco. Ah, claro, é mudo também. Não, não estou falando de um filme de 1915, mas sim de um de 2011. O Artista tinha tudo para passar batido pelos cinemas, mas isso não aconteceu. O filme é um dos candidatos ao Oscar, foi indicado a seis Globos de Ouro e as críticas são unanimemente positivas. O elenco é formado por Jean Dujardin, Berenice Bejó, John Goodman e Penelope Ann Miller. Candidato a melhor estreia de 2012 (se ela vier a acontecer, claro).

1 - O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Diretor: Christopher Nolan
Suposta data de lançamento: julho de 2012

Ou então, algo me diz que esse daqui vai ser o melhor do ano. A maneira como Nolan vem conduzindo a saga de Batman em sua trilogia tem sido genial até aqui. O Cavaleiro das Trevas é o melhor filme de super-herói de todos os tempos com um abismo de distância para seus concorrentes. Em 2012, teremos a parte final da série realizada pelo diretor, que chegará aos cinemas num clima de imensa expectativa. Além dos atores que já apareceram nos dois primeiros filmes e que reprisarão seus papéis - Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman - o elenco ainda terá Anne Hathaway como a Mulher Gato, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt e Marion Cottilard. Sinto cheiro de recorde de bilheteria em estreias em se aproximando.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Análise: A Pele que Habito

Falar de um filme de Almodóvar não é uma missão fácil. Por mais que eu goste de seus filmes, o que acontece com uma frequência bastante grande, inclusive, sua complexidade de temas abordados em cada vez e sua estética bastante particular tornam o trabalho de analisar qualquer obra sua algo complicadíssimo. Em particular, é difícil falar de A Pele que Habito, o mais recente trabalho do diretor, sem entregar revelações vitais do enredo, algo que me esforçarei para evitar.

O enredo gira em torno do cientista Robert Ledgard (num retorno de Antonio Banderas a um filme de Almodóvar), que em 2012 afirma ter sido capaz de criar uma pele mais resistente e imune a queimaduras. Ledgard afirma categoricamente ter testado sua pele artificial apenas em ratos de laboratório, mas logo somos levados a questionar essa afirmação e a sanidade do cientista ao descobrirmos que ele mantém uma mulher, Vera Cruz (a lindíssima Elena Anaya), cativa em sua casa, sob os cuidados de sua governanta, a misteriosa Marilia (Marisa Paredes, conhecida dos fãs de Almodóvar por Tudo Sobre Minha Mãe). Ledgard e Vera mantêm uma relação que mistura repulsa e atração, ódio e fascínio. Enquanto Vera obviamente não possui sua liberdade, Ledgard também se revela preso a Vera de múltiplas maneiras. Com o tempo, vamos descobrindo a origem da "ligação" entre os personagens e conhecendo melhor suas histórias e os traumas familiares de Ledgard, enquanto a trama se encaminha para um final imprevisível e brutal.

Em termos estéticos, é preciso ressaltar que esse é o filme de Almodóvar menos linear em termos de narrativa. Os flashbacks, recurso utilizado para revelar a identidade de Vera Cruz e contar o passado dos personagens centrais, são abundantes e chegam a ocupar quase metade do tempo do filme. Também, em minha opinião, é o filme mais violento de Almodóvar, em mais de um sentido. Enquanto existem cenas bem gráficas de assassinato, o que mais me impressionou foi a violência que marca os temas centrais do filme: privar alguém de sua liberdade e, talvez ainda com mais força, de sua identidade. As ações de Ledgard não são justificáveis de forma alguma, por pior que sua história de vida seja, e deixam latentes não apenas uma inegável loucura, mas também um egocentrismo alucinado. Mais do que alertar para como a ciência pode cruzar e alterar o caminho da individualidade humana quando não é administrada por uma mente sã, A Pele que Habito é um estudo da sanidade em si.

Se não é um dos melhores filmes de Almodóvar, que já nos presenteou com clássicos como Fale com Ela e Tudo Sobre Minha Mãe, A Pele que Habito é sem dúvidas um grande filme e um trabalho muitíssimo bem executado pelo consagrado diretor espanhol. Porém, se você não é realmente íntimo da obra do cineasta, sugiro que comece a conhecê-lo por algum de seus filmes mais famosos. Se esse já não é seu caso, veja sem medo. Se possível.

Nota: 4,0 de 5,0.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

As indicações ao Globo de Ouro

Alguns fãs mais extremados do cinema terão que me perdoar agora. Não é sem alguma vergonha que vou fazer essa confissão de agora, mas ela é fundamental para a sinceridade das próximas linhas: eu adoro o Globo de Ouro. Não só admiro a política da premiação de seguir seus gostos sem se preocupar em alinhar seu pensamento com a grande crítica como também a maneira como eles lidam com sua imagem de "primo pobre do Oscar". Sim, é verdade que essa metodologia de indicações já causou alguns absurdos, tanto por inclusão quanto por omissão, mas no geral considero que o Globo de Ouro consegue trazer originalidade e um certo respiro para a temporada de premiações.

E hoje, 15 de novembro, a associação tornou públicas suas indicações para os melhores de 2011. Para começo de conversa, a lista desse ano no geral foi bastante agradável. Os indicados para melhor comédia são todos filmes bem avaliados, ao contrário do desastre do ano passado, onde, com exceção de Minhas Mães e Meu Pai, que ganhou merecidamente, todos os outros nominados eram uma tragédia.

A grande surpresa foi a inclusão em várias categorias de Tudo Pelo Poder, thriller político dirigido por George Clooney, que até agora tinha sido recebido muito friamente pela crítica e pelas premiações. Não só o filme foi indicado como melhor drama, como Clooney emplacou uma indicação como melhor diretor e Ryan Gosling despontou em melhor ator de drama, além da indicação para roteiro. (Como nota pessoal, lamento a escolha do título óbvio e bobinho em português, que perdeu todo o brilhante contexto do original, The Ides of March, a época do ano em que Júlio César foi assassinado no Senado romano)

Nas categorias de atuação, poucas surpresas. Mantenho minha opinião de que Glenn Close, Meryl Streep, Tilda Swinton, Viola Davis e Michelle Williams serão as finalistas no Oscar, com a última sendo ameaçada talvez por Rooney Mara em Os Homens que Não Amavam as Mulheres, que conseguiu uma indicação. As surpresas para melhor ator são Ryan Gosling ser indicado por Tudo Pelo Poder e não por Drive e Michael Fassbender, por Shame. Entre os coadjuvantes, dois favoritos, Albert Brooks por Drive e Shailene Woodley por Os Descendentes, enfim apareceram, após serem ignorados pelo SAG.

As surpresas ficaram por conta da omissão de Melissa McCarthy em Missão Madrinha de Casamento como atriz coadjuvante e a de Drive e Árvore da Vida como melhor filme de drama. Adorei ver também Owen Wilson indicado por Meia-Noite em Paris (e quando pensar que algum dia eu falaria uma coisa dessas?) e Viggo Mortensen por Um Método Perigoso. Para os grandes vencedores, minhas apostas iniciais ficam em Os Descendentes como Melhor drama e O Artista como Melhor Comédia ou Musical (e ele realmente se encaixava nessa categoria? Graças à super veloz distribuição de filmes, ainda não pude conferir para tirar minhas próprias conclusões...).

A lista completa das categorias de cinema segue abaixo:

Melhor filme - drama

"Os descendentes"
"Histórias cruzadas"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Tudo pelo poder"
"O homem que mudou o jogo"
"War horse"

Melhor filme - musical ou comédia

"The artist"
"Missão madrinha de casamento"
"50%"
"Meia-noite em Paris"
"My week with Marilyn"

Melhor ator - drama

George Clooney, "Os descendentes"
Leonardo DiCaprio, "J. Edgar"
Michael Fassbender, "Shame"
Ryan Gosling, "Tudo pelo poder"
Brad Pitt, "O homem que mudou o jogo"

Melhor atriz - drama

Glenn Close, "Albert Nobbs"
Viola Davis, "Histórias cruzadas"
Rooney Mara, Millennium - "Os homens que não amavam as mulheres"
Meryl Streep, "A dama de ferro"
Tilda Swinton, "We need to talk about Kevin"

Melhor ator - musical e comédia

Jean Dujardin, "The artist"
Brendan Gleeson, "O guarda"
Joseph Gordon-Levitt, "50%"
Ryan Gosling, "Amor a toda prova"
Owen Wilson, "Meia-noite em Paris"

Melhor atriz - musical e comédia

Jodie Foster, "Carnage"
Charlize Theron, "Jovens adultos"
Kristen Wiig, "Missão madrinha de casamento"
Michelle Williams, "My week with Marilyn"
Kate Winslet, "Carnage"

Melhor ator coadjuvante

Kenneth Branagh, "My week with Marilyn"
Albert Brooks, "Drive"
Jonah Hill, "O homem que mudou o jogo"
Viggo Mortensen, "Um método perigoso"
Christopher Plummer, Toda forma de amor

Melhor atriz coadjuvante

Bérénice Bejo, "The artist"
Jessica Chastain, "Histórias cruzadas"
Janet McTeer, "Albert Nobbs"
Octavia Spencer, "Histórias cruzadas"
Shailene Woodley, "Os descendentes"

Melhor diretor

Woody Allen, "Meia-noite em Paris"
George Clooney, "Tudo pelo poder"
Michel Hazanavicius, "The artist"
Alexander Payne, "Os descendentes"
Martin Scorsese, "A invenção de Hugo Cabret"

Melhor roteiro

"The artist" : Michel Hazanavicius
"Os descendentes" : Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash
"Tudo pelo poder" : George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon
"Meia-noite em Paris" : Woody Allen
"O homem que mudou o jogo" : Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin

Melhor canção original

"Albert Nobbs"  - "Lay your head down"
"Gnomeu e Julieta" : Elton John, Bernie Taupin - "Hello hello"
"Histórias cruzadas" : Mary J. Blige, T. Newman, H. Mason Jr - "The living proof"
"Redenção"  - "The keeper"
"W.E."  - "Masterpiece"

Melhor trilha sonora

"The artist ": Ludovic Bource
"Millennium - os homens que não amavam as mulheres" : Trent Reznor, Atticus Ross
"A invenção de Hugo Cabret" : Howard Shore
"War horse" : John Williams
"W.E." : Abel Korzeniowski

Melhor animação

"As aventuras de Tintim"
"Operação presente"
"Carros 2"
"Gato de botas"
"Rango"

Melhor filme em língua estrangeira

"Jin líng shí san chai"
"In the land of blood and honey"
"O garoto de bicicleta"
"A separação"
"A pele que habito"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Grandes atores: Tom Hanks

É difícil, muito difícil, não gostar de Tom Hanks. Sendo sincero, diria que não conheço ninguém com coragem o bastante para se apresentar dizendo o contrário. E não é pra menos. Hanks tem uma carreira imensa, onde já atuou nos mais diversificados papéis, sempre com um talento imenso, além de ser um dos poucos atores a possuir um tino extremamente forte tanto para a comédia quanto para o drama. Embora não seja exatamente um grande fã dos filmes mais recentes de Hanks (chegando até mesmo a achar alguns bem ruins), o fato inegável é que a contribuição dele para o cinema é tão relevante que é impossível se importar de verdade com esse fato.

Thomas Jeffrey Hanks nasceu em 1956, na Califórnia. Já mostrando desde jovem seu talento para a comédia, Hanks começou a carreira fazendo participações em seriados de TV na década de 1980. Um pouco depois, ele fez suas primeiras aparições nas grandes telas, a maior parte em comédias Sessão da Tarde como Um Dia a Casa Cai. Porém, em 1989, veio seu primeiro grande papel em Quero Ser Grande. A história do garoto que faz um pedido de se tornar adulto e acorda no dia seguinte com o desejo realizado é talvez a sua atuação mais memorável e icônica em comédia. Alguém que viu o filme realmente consegue esquecer a cena de dança no piano, uma das mais famosas do cinema?

Após o filme, Hanks virou uma das estrelas mais famosas de Hollywood, o grande nome da comédia. Talvez esse "estigma" tenha causado uma certa estranheza nas pessoas na ocasião do lançamento de Filadélfia, em 1993. O filme era um drama intenso, baseado na história real de um homossexual portador do vírus da AIDS, o que naquela época (e só lá?) era o mesmo que a morte social. Qualquer estranheza, porém, logo morreu. Hanks arrebentou, para dizer o menos, e entregou o que para mim é a melhor atuação de sua carreira. A cena, bastante rápida até, em que o personagem de Hanks, Andy, sai do escritório do advogado vivido por Denzel Washington arrasado por ter seu caso de processo contra seu trabalho recusado mais uma vez é arrepiante. Hanks não precisa falar nada: seu olhar reflete toda a decepção e desamparo que seu personagem vem sofrendo. O Oscar de melhor ator daquele ano não surpreendeu ninguém.

E Hanks ainda emendaria outro Oscar no ano seguinte, com sua emocionante interpretação como o inesquecível Forrest Gump. Forrest é talvez seu personagem mais complexo e atuação mais difícil, um papel por onde não só se reconta a história dos Estados Unidos - de um jeito, é claro, bem inusitado - como também chama a atenção para os pequenos detalhes que formam a vida.

A década de 1990 ainda nos presenteia com outras grandes atuações de Hanks: o astronauta Jim Lovell, que se vê numa situação desesperadora no espaço com dois colegas em Apollo 13; o determinado capitão que arrisca sua vida para salvar um soldado em O Resgate do Soldado Ryan; e, já em 2000, o analista de sistemas da cidade grande que acaba isolado da civilização em um ilha após um acidente de avião em Náufrago (que também é um dos títulos em português mais loucos já cunhados, uma vez que, bem, não existe naufrágio nenhum). Também não posso deixar de mencionar, até porque um amigo meu me mataria se eu fizesse isso, de sua participação na trilogia Toy Story, emprestando sua voz ao personagem Woody.

Se de uns anos para cá os papéis de Hanks não têm sido grande sucesso de crítica nem caiam no meu gosto pessoal (morro um pouco a cada filme em que ele interpreta o Robert Langdon criado por Dan Brown - nada contra os livros, tudo contra suas adaptações), a importância de Tom Hanks para o cinema e sua posição como maior ator da atualidade seguem inabaláveis. Verdade seja dita, com muito mérito. Afinal, o cara já se tornou uma lenda da sétima arte. deixa ele se divertir um pouco, vai.

O Screen Actors Guild revela suas indicações

O Screen Actors Guild, a famosa associação dos atores de Hollywood, divulgou hoje sua lista de indicações para os melhores do ano em atuação. O SAG é considerado um imenso termômetro para o Oscar, talvez até mais do que o Globo de Ouro, mais antigo e tradicional. O que vemos ao olhar a lista de indicados desse ano é mais ou menos o que vemos em qualquer lista do tipo: indicações empolgantes e algumas omissões beirando o absurdo. A lista segue logo abaixo e, logo depois, minhas impressões:

- Melhor ator:


DEMIÁN BICHIR / Carlos Galindo - “A BETTER LIFE”
GEORGE CLOONEY / Matt King - "OS DESCENDENTES”
LEONARDO DiCAPRIO / J. Edgar Hoover - "J. EDGAR"
JEAN DUJARDIN / George - "O ARTISTA"
BRAD PITT / Billy Beane - "O HOMEM QUE MUDOU O JOGO"

- Melhor atriz


GLENN CLOSE  / Albert Nobbs - "ALBERT NOBBS”
VIOLA DAVIS / Aibileen Clark - “HISTÓRIAS CRUZADAS”
MERYL STREEP / Margaret Thatcher - “A DAMA DE FERRO”
TILDA SWINTON / Eva - “PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN”
MICHELLE WILLIAMS / Marilyn Monroe - “MINHA SEMANA COM MARILYN”

- Melhor ator coadjuvante


KENNETH BRANAGH / Sir Laurence Olivier - “MINHA SEMANA COM MARILYN"
ARMIE HAMMER / Clyde Tolson - "J. EDGAR"
JONAH HILL / Peter Brand - "O HOMEM QUE MUDOU O JOGO"
NICK NOLTE / Paddy Conlon - “WARRIOR”
CHRISTOPHER PLUMMER / Hal - “BEGINNERS”

- Melhor atriz coadjuvante


BÉRÉNICE BEJO / Peppy - "O ARTISTA"
JESSICA CHASTAIN / Celia Foote - “HISTÓRIAS CRUZADAS”
MELISSA McCARTHY / Megan - “MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO”
JANET McTEER / Hubert Page - "ALBERT NOBBS”
OCTAVIA SPENCER / Minny Jackson - “HISTÓRIAS CRUZADAS”

- Melhor elenco:

O Artista
Missão Madrinha de Casamento
Os Descendentes
Histórias Cruzadas
Meia-Noite em Paris

Para começar, os favoritos que mostraram fazer jus a essa posição. Clooney, DiCaprio, Pitt e Dujardin eram tiros certos para melhor ator. Me parece que nada tira uma indicação ao Oscar deles. Todas as cinco indicadas a melhor atriz eram as favoritas, nenhuma grande surpresa. Acho muito provável que elas serão as cinco finalistas ao Oscar, também. Entre os atores coadjuvantes, Plummer é o franco favorito, de modo que ainda precisaremos do Globo de Ouro para dizer qualquer coisa quantos aos outros, mas por hora posso adiantar que vibrei com a indicação de Armie Hammer, que já vem brilhando desde A Rede Social. Nas atrizes coadjuvantes, Bejo, Spencer e Chastain (uhul!) eram esperadas. Duas torcidas de muita gente, McCarthy e McTeer, também apareceram, e me senti agradado pelas indicações nessa categoria no geral (assim como a de melhor atriz).

Agora, os choques e omissões. Onde está Gary Oldman? Por um tempo cheguei a acreditar que ele já era indicação certa ao Oscar (GRANDE erro). A ausência dele aqui é uma turbulência em sua campanha. A ausência de Albert Brooks por Drive também foi um choque. Para muitos, ele é o grande adversário de Plummer para ator coadjuvante, e também teve sua campanha abalada depois de hoje. Uma pontinha de esperança minha nessa categoria sempre foi Alan Rickman por Harry Potter, mas eu sabia que uma indicação seria virtualmente improvável.

E que amanhã venha o Globo de Ouro, para que possamos ter uma ideia mais completa desse quadro.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Análise: A Árvore da Vida

Terrence Malick é um dos diretores mais reservados e misteriosos de Hollywood. Com 68 anos e uma carreira de quase 40, Malick dirigiu apenas cinco filmes até o momento, todos eles grandes sucessos de crítica. Portanto, quando ele anunciou que iria lançar o quinto, A Árvore da Vida, o frisson não foi pouco entre os fãs do diretor. A produção do filme não foi fácil, muito menos encontrar um distribuidor. Depois de vários adiamentos e dois anos depois da data marcada, o filme foi enfim lançado pela Fox no meio desse ano. O resultado dividiu opiniões de uma maneria bastante ácida. De fato, é impossível sair indiferente à Árvore da Vida. Ele pode muito bem servir daqui para frente como modelo de comparação de filmes que ou se ama, ou se odeia.

No meu caso, eu amei.

O roteiro, é impossível negar, é extremamente simples - tanto que para alguns, o filme sequer roteiro tem. O arquiteto Jack O'Brien (numa participação à jato de Sean Penn) sempre teve uma relação difícil com o pai. Por meio de seus flashbacks, acompanhamos sua infância convivendo com o pai rigoroso e agressivo (na melhor interpretação da carreira de Brad Pitt, o que não é pouco) e buscando alívio na figura da mãe passiva (interpretada pela relativamente desconhecida e arrebatadora Jessica Chastain - Academia, por favor, ela merece o Oscar desse ano, não me decepcione como sempre). Jack e seus dois irmãos mais novos tentam levar a melhor vida possível como crianças e, posteriormente, adolescentes em um típico subúrbio americano dos anos 1950, mas as tensões dos filhos com o pai levarão a uma alienação irreversível, que culmina com o suicídio de um dos irmãos de Jack (não é spoiler, o filme tem o suicídio como ponto de partida).

As escolhas de Malick na direção não são convencionais. Ele intercala a história do filme, propriamente dita, com cenas da criação do mundo, da evolução da vida na Terra e visita até mesmo a época dos dinossauros. Em meio a tudo isso, imagens de uma espécie de força ou luz aparecem constantemente quase como divisores das partes do filme. Não espere explicações de Malick para nada disso. Se a luz é Deus como muitos teorizaram ou algo completamente diferente, o roteiro não está preocupado em deixar claro. A Árvore da Vida é um filme para ser sentido, mais do que entendido. Mais do que um filme sobre fé ou espiritualidade, porém, eu acho que esse é um filme sobre o perdão, sobre como relações humanas são as coisas mais belas, delicadas e frágeis, e como é preciso todo cuidado e até mesmo uma certa coragem para preservá-las.

Tecnicamente falando, o filme é impecável. A fotografia é simplesmente a mais bonita e eficiente que já vi. Minhas congratulações, Emmanuel Lubezki, você fez o trabalho de uma vida aqui. A montagem, por sua vez,  é dinâmica e os efeitos especiais são um espetáculo à parte. Malick tem uma direção segura e precisa e consegue extrair o melhor de seus atores, não só dos veteranos Brad Pitt e Sean Penn como também dos novatos Jessica Chastain e Hunter McCracken.

Malick pode até não ter feito o melhor filme de todos os tempos, como alguns mais empolgados proclamaram por aí, mas sem dúvidas fez o melhor e mais emocional filme de 2011.

Nota: 5.0 de 5.0

E a temporada de premiações começou

Para todo apaixonado por cinema, dezembro é um dos melhores meses do ano. Não só os estúdios tendem a lançar suas melhores cartas nessa época do ano, botando no circuito os filmes em que costumam apostar mais em termos de reconhecimento da crítica, como esse fato está ligado diretamente à temporada de premiações que começa no último mês do ano.

Antes de qualquer coisa, eu deixo bem claro que sei que premiações não mudam (ou não deveriam mudar) quase nada. O reconhecimento é legal, é claro. Qualquer um que se dedique a algum projeto por um longo tempo gosta de ver o resultado ser bem recebido. Porém, no mais, esse não deveria ser o objetivo último e único do cinema. Só que para muito estúdio por aí, é.

A razão pela qual estou fazendo toda essa mea culpa é simples: apesar de tudo isso, eu sou um apaixonado pela temporada de premiações. Viro fã, defendo meus favoritos, analiso todas as escolhas. Então não posso deixar esse momento passar batido no blog e tentarei fazer a melhor cobertura possível de tudo que está acontecendo nos círculos de críticos por aí.

Os Estados Unidos, para ser exato, possuem inúmeros círculos de críticos, quase que um para cada estado, no mínimo. Dentre eles, uma boa parte já divulgou suas premiações para melhores do ano, o que faz com que  analisar absolutamente todos seja algo exaustivo tanto de se escrever quanto para quem lê. Sendo assim, preparei esse resumo abaixo para mostrar como os principais grupos têm votado e o que isso nos indica para os grandes prêmios mais a frente. (Obs.: Muitos desses filmes ainda não foram lançados no Brasil e têm títulos apenas provisórios, que utilizarei para facilitar. Tenham em mente que eles podem não ser definitivos ainda)

- Melhor filme: Quase todas as premiações têm se dividido aqui entre quatro filmes. O Artista parece ser o queridinho da temporada, tenho levado essa categoria com os críticos de Nova York e Boston. Com sua estética de filme preto e branco e mudo, é experimental o bastante para chamar atenção, mas não é estranho demais para ganhar prêmios. É o grande favorito da temporada, até agora. Também aparecendo bem posicionado está Os Descendentes, de Alexander Payne, que conquistou os críticos de Los Angeles. A Árvore da Vida (de quem falaremos melhor no próximo post) ganhou em San Francisco e mais cedo no ano foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes. O azarão é A Invenção de Hugo Cabret, que levou o tradicional National Board of Review Awards.

- Melhor diretor: O novato Michel Hazanavicius, por O Artista, e o veterano Terrence Malick, por A Árvore da Vida, são os mais cotados até o momento. Martin Scorsese sempre é candidato, e seu A Invenção de Hugo Cabret tem surpreendido muita gente até aqui. É interessante notar que apesar das boas críticas de Os Descendentes, Alexander Payne não anda muito badalado nessa categoria. Acho que isso quer dizer algo...

- Melhor ator: Até aqui, o ano foi de George Clooney por Os Descendentes. Brad Pitt tem vindo logo atrás por O Homem que Mudou o Jogo. Muita gente está esperançosa por uma possível indicação de Gary Oldman ao Oscar nessa categoria por O Espião que Sabia Demais. Eu, sem dúvidas, sou um deles, afinal Oldman é um dos melhores atores em atividade e a Academia nunca se dignou a indicá-lo uma vez sequer, razão pela qual mantenho um pé atrás, apesar de tudo.

- Melhor atriz: Há muito se fala que esse ano é, enfim, o ano do segundo Oscar de Meryl Streep, que ela já ganhou por sua Margareth Tatcher em A Dama de Ferro, que a disputa pode acabar aqui. Ela de fato vem conquistando prêmios por sua performance e é a favorita, mas a disputa está longe de estar morta. Viola Davis aparece como a maior ameaça por Histórias Cruzadas, e Michelle Williams, que vem se mostrando uma das atrizes mais promissoras de sua geração, pode surpreender com sua atuação em Minha Semana com Marilyn.

Conforme a temporada avançar, falarei mais detalhadamente sobre cada categoria, assim como as de roteiro, atores coadjuvantes e prêmios técnicos.

Dia 14 o Screen Actors Guild anunciará seus indicados para os prêmios de atuação da temporada e dia 15 é a vez do Globo de Ouro. A temporada está só esquentando.

Grandes diretores: Steven Spielberg

Não dá pra começar esta seção do blog de outra maneira. Acho que muita gente vai se identificar com o que eu vou dizer agora, mas é justo afirmar que gosto de cinema por causa do Sr. Steven Allan Spielberg. Também não é exagero quando digo que Spielberg é provavelmente o único diretor com mais de 20 filmes já lançados de que já vi a maior parte.

E isso começou quando eu era bem novo. Eu devia ter uns 5 anos quando vi Jurassic Park, em vídeo infelizmente, pela primeira vez. Dali para frente acho que pedi para minha mãe alugar o filme pelo menos mensalmente ao longo de anos. Foi meu primeiro maravilhamento com o cinema, algo que jamais vou esquecer. Daí para os outros filmes do mestre Spielberg não foi um salto muito grande. Que criança que viu ET, o Extraterrestre deixou de se encantar com o filme? E quem, já um pouco mais velho, não precisou segurar as lágrimas em AI: Inteligência Artificial? Não consigo, portanto, dar a largada nesta seção sem homenagear aquele que é, provavelmente, o melhor diretor em atividade em Hollywood.

Spielberg começou sua carreira fazendo filmes pequenos de suspense e ficção científica. Essa fase de sua carreira é, sem dúvidas, bem pouco conhecida, o que é uma pena, pois já aí encontramos um excelente filme, Encurralado, de 1971, sobre um vendedor que, enquanto viaja pelas estradas do deserto californiano, passa a ser perseguido por um gigantesco caminhão. Spielberg começou a mostrar sua habilidade como diretor bem cedo nesse filme, aos 25 anos. Porém, foi aos 29 que o sucesso veio com Tubarão, que permanece até hoje um dos maiores thrillers da história. O enredo simples, mas apavorante, de um tubarão que começa a atacar banhistas em uma ilha turística dos Estados Unidos arrepiou pessoas no mundo inteiro e foi o primeiro grande sucesso de crítica de Spielberg, ganhando 4 Oscars e se tornando a maior bilheteria de seu tempo. O filme também viu sua trilha sonora composta por John Williams se tornar um clássico (e quem pode dizer que nunca imitou o tã-dã-tã-dã-tã-dã que atire a primeira pedra).

Dali pra frente, Spielberg ganhou status de super-estrela e emplacou um sucesso atrás do outro. Dois dos filmes mais icônicos da ficção-científica vieram depois: Contatos Imediatos de Terceiro Grau, em 1977, e o já mencionando ET, em 1982. Também na década de 1980 Spielberg realizou uma das melhores trilogias do cinema, centradas no inesquecível Indiana Jones de Harrison Ford, começando por Os Caçadores da Arca Perdida, de 1981. Foi ainda na década de 1980 que Spielberg começou  a dirigir filmes mais "sérios", na opinião de alguns (deixando claro que para mim esse tipo de classificação é ridículo, existem filmes bons e filmes ruins, e é só). Desse período, merecem destaque A Cor Púrpura, de 1985, brilhante drama sobre o preconceito racial e as dificuldades enfrentadas pelos negros na sociedade americana do começo do século XX, e Império do Sol, estrelado por um Christian Bale com então 13 anos.

Se Spielberg já era um dos diretores mais queridos do cinema na década de 1990, foi com A Lista de Schindler, de 1993, que a consagração veio. Considerado o melhor filme a respeito do Holocausto já feito, ele terminou por ganhar os Oscars, os Globos de Ouro e os BAFTAs de Melhor filme e Melhor diretor. Apenas tente ver o discurso final de Schindler, na melhor atuação de Liam Neeson, sem se emocionar. É um daqueles filmes que você precisa parar e respirar quando os créditos sobem, e tem um grande valor sentimental para Spielberg, ele próprio um judeu. Spielberg voltaria a ser premiado com o Oscar e o Globo de Ouro novamente em 1998 por O Resgate do Soldado Ryan, um épico de guerra de primeira, extremamente sangrento mas extremamente bem-realizado.

De lá para cá, o cinema Spielberguiano segue firme, com sua característica de mesclar dramas intensos com blockbusters de primeira qualidade. Em 2011, a expectativa é para seus dois mais recentes filmes, As Aventuras de Tintin, um filme em captura de movimentos sobre o personagem clássico criado por Hergé, e Cavalo de Guerra, onde  Spielberg volta ao gênero que lhe rendeu seus dois Oscars: o drama de guerra. Com as datas de lançamento no Brasil se aproximando, resta a nós, fãs desse grande diretor, conter a ansiedade e torcer por dois filmes com uma qualidade que já conhecemos bem.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Abrem-se as cortinas

E aí que depois de anos de internet, a pessoa resolve ter um blog.

A ideia não é nova. Na verdade, ela vinha se manifestando na minha cabeça, indo e vindo, há um bom tempo já. O motivo pelo qual ela não se transferiu para o campo das coisas práticas antes, eu não sei. Provavelmente isso aconteceu porque "resistir" é parte da minha personalidade (o que muitas vezes é algo bom, mas outras tantas é bem, bem ruim). Mas o fato é que o Quick Motion enfim existe, uma criança em formação pronta para se deslumbrar e apaixonar pela vida.

Como já está bem claro, esse é um blog de cinema. Espero ser capaz de trazer informações a respeito dos filmes do momento, dos próximos lançamentos e da temporada de premiações (que se aproxima cada vez mais), assim como falar sobre os filmes clássicos, atores e diretores que mais me marcaram e influenciaram.

Desta forma, e é importante deixar claro desde o começo, este é um local para discussão de cinema, e não o lugar onde você vai encontrar links para download daquele filme que você está procurando há um tempão. Não é puritanismo, não tenho nada contra isso desde que ninguém deixe de efetivamente ir ao cinema por causa da internet. A questão é que simplesmente essa não é minha proposta e existem toneladas de sites na rede para isso. Essa política, portanto, se estende aos comentários do blog. Link para download é comentário excluído.

Considerações iniciais feitas, desejo a todos boas-vindas ao Quick Motion e deixo avisado que logo mais vocês ainda terão o primeiro post do blog, propriamente dito.

O trailer acaba aqui.