Explorando um universo vastíssimo, o roteiro decidiu focar seus protagonistas no mundo dos arcades, ou fliperamas, como ficaram conhecidos no Brasil, os tradicionais video games operados a base de moedas. Detona Ralph é o vilão do game Conserta Felix Jr., onde antagoniza o personagem título promovendo uma onda de destruição, até ser fatalmente vencido ao fim de cada partida. O problema é que fazendo a mesma coisa diariamente por trinta anos, Ralph está em uma crise de identidade. Cansado de viver no ostracismo, ser repudiado pelos outros personagens de seu jogo por suas vilanias e incapaz de encontrar ajuda com os outros colegas vilões - no mundo de Detona Ralph os personagens podem viajar pelo sistema de cabos da loja onde moram e entrar em outros jogos -, Ralph decide que está na hora de uma mudança de ares. Em seu caminho atrás de reconhecimento e uma medalha de herói, ele conhece outros games e, em um deles, uma simpática garotinha corredora, Vanellope, com quem forma um laço. Mas, como não poderia deixar de ser, a tentativa de Ralph de mudar a ordem pré-estabelecida coloca o mundo dos video games em súbito perigo - e é aí que as coisas começam a ficar intensas.
O filme dirigido por Rich Moore é uma proposta leve e divertida. Ele puxa temas bastante consagrados - isolamento, a busca de um lugar no mundo e a revolta com a ordem existente - e os trabalha sob uma roupagem diferente e uma abordagem inovadora e sem peso. O roteiro te leva pelos lugares onde você espera que ele irá passar, sem que você se importe, e conduz para um desfecho que, embora esperado, é completamente satisfatório e realizado com emoção. O visual também é exuberante, e se beneficia do universo gamer para criar cenários diversificados e ricos, ora sombrios, ora imensamente coloridos, de acordo com as necessidades. Os personagens principais são bem construídos: Vanellope é uma das melhores personagens femininas de animação dos últimos tempos, fofa quase sempre e irritante quando necessário, Ralph é o perfeito vilão em busca de redenção e o par de coadjuvantes, Conserta Felix Jr. (não é preciso pensar muito para ver em quem esse carpinteiro foi inspirado) e a Sargento Calhoun (que é mais ou menos como seria Samus Aran, da série Metroid, em um jogo que seguisse a linha de Call of Duty) são adições bastante interessantes.
Satisfatório para o público em geral, mas com apelo particular para os fãs de video game, Detona Ralph pode não ser uma sequência desenfreada de referências a jogos e personagens na tela. Verdade, muitos personagens foram licenciados para fazer aparições, e temos Bowser, Sonic, Zangief, Chun Li (numa cena piscou-perdeu), entre outros fazendo pontas. Mas a intenção do filme nunca foi fazer uma homenagem - acaba sendo, mas de maneira indireta. Explorando um universo rico e cheio de possibilidades, Detona Ralph quer apenas contar sua história, e esse é o foco que quem vai assistir deve ter em mente. Assim, vai curtir sempre que reconhecer algo na tela e aproveitar uma grande animação, indicada com justiça ao Oscar de melhor animação.Ps.: Antes do filme está sendo exibido o curta O Avião de Papel, também indicado ao Oscar ontem, na categoria curta de animação. Outro que vale muito a pena, história simples e bonita.
Nota: 5,0 de 5,0.

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