O filme, que se passa em 1931, narra a saga do personagem título, Hugo Cabret (Asa Butterfield), o filho de um inventor (Jude Law) que morre num incêndio, mas não sem antes mostrar ao filho uma descoberta que encontrou abandonada no museu onde trabalhava: um autômato. O invento aparentemente está quebrado e precisa de uma chave em formato de coração para ser posto em funcionamento. Após a morte do pai, Hugo vai morar com o tio alcoólatra (Ray Winstone) na estação de trem de Paris, onde passa a ajudar seu novo guardião em seu ofício de cuidar dos relógios do local. Quando o tio desaparece, Hugo se vê obrigado a sobreviver sozinho, morando escondido na estação, roubando comida e fugindo do inspetor do local (Sacha Baron Cohen). É em meio a essas atividades furtivas que ele conhece o dono de uma loja de brinquedos na estação, o azedo George (Ben Kingsley), e sua simpática afilhada, Isabelle (Chloë Grace Moretz, em mais uma atuação digna de nota). Hugo e Isabelle logo se tornam amigos, mas a vida do garoto muda completamente quando ele descobre que a nova companheira possui a chave que dá vida ao autômato. Ao investigarem o porquê desse fato, Hugo e Isabelle vão se deparar com o passado amargo de George e com a história da criação de uma das maiores paixões do menino: o cinema.A Invenção de Hugo Cabret é um grande feito técnico. Sua reconstituição de época é perfeita, com uma direção de arte afiada recriando notavelmente ambientes como a estação de trem da década de 1930 e o estúdio de cinema de um dos maiores diretores dos primórdios da sétima arte, entre outros. Ajuda muito esse fato a fotografia do consagrado Robert Richardson, que ajuda a abundância de efeitos visuais a não parecer artificial em momento algum. Apesar de isso poder parecer surpreendente, é também o filme de Scorsese com a melhor mixagem e acabamento de som, o que proporciona um espetáculo tanto visual quanto sonoro. Se o roteiro não se destaca em particular, embora seja bastante eficiente, Scorsese, os atores e sua equipe fazem um filme notável.

Mas é importante não deixar de apontar aqui a grande jogada e objetivo do filme: servir como uma homenagem cinematográfica ao própria cinema. Como já argumentei nesse post anterior, 2011 foi o ano da metalinguagem no cinema, e A Invenção de Hugo Cabret é um dos melhores exemplos disso. O filme é a maneira como um diretor extremamente consagrado encontrou para demonstrar todo seu amor e agradecimento ao cinema, de quem acabou se tornando parte da história. Mas tudo isso é feito de maneira que em nenhum momento soa pretensiosa; pelo contrário, é quase com humildade que o cinema é mostrado como uma fábrica de sonhos, o que por si só já seria o bastante para justificar uma abordagem diferente, alguns diriam. Mas Hugo Cabret é como o cinema: encanta justamente por ser capaz de emocionar com propostas simples. É o sonho de criança que nunca abandona o adulto. E ainda bem que é assim.
Nota: 5,0 de 5,0.


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