Ryan Gosling interpreta Stephen Meyers, assessor júnior do pré-candidato do partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, o governador da Pensilvânia Mike Morris (o próprio Clooney). Stephen é um jovem cheio de ambição e ideais, que acredita extremamente no caráter do homem para quem trabalha e que vê na política sua maior paixão e meta de vida. Durante os eventos do filme, ele e seu superior, o assessor sênior Paul Zara (Philip Seymour Hoffman), estão auxiliando Morris na campanha das eleições primárias em Ohio contra seu adversário, o senador Ted Pullman. Vencer a primária de Ohio praticamente garante a indicação de Morris pelo partido, e os nervos de todos estão a mil. Porém, enquanto tudo caminha para uma vitória fácil de Morris ali, Stephen recebe uma proposta do assessor de Pullman, Tom Duffy (Paul Giamatti), para virar a casaca e se juntar à equipe do senador. Stephen recusa a princípio, mas conforme a data da votação se aproxima, mais ele começa a ter dúvidas do caráter até então inabalável de seu candidato. E quando ele começa a se envolver com uma estagiária da campanha, Molly (Evan Rachel Wood - ainda bem que vocês não conseguem ouvir meu suspiro neste ponto), ele tomará conhecimento de segredos dos bastidores que abalarão de vez suas convicções. As decisões que será obrigado a tomar serão determinantes para seu futuro na política e para tudo que ele deseja algum dia ser. E o preço a pagar pode ser muito caro.
O mundo da política que Clooney pinta não é bonito. É um mundo de traições, de escândalos abafados ou não, de escolhas que mostram quem você é e como os limites que você impõe ou ignora revelam muito sobre você, nem sempre de maneira positiva. O personagem de Gosling precisa se modificar conforme vai fazendo descobertas a respeito de tudo que está oculto na campanha, mas isso é natural. Porém, são as escolhas de seu personagem, mais do que tudo, que revelam quais cartas ele está disposto a por na mesa e até onde ele pode ir. Embora o roteiro não faça juízos de valor, mas sim apenas apresente os fatos e deixe a nós o papel de juízes, fica escancarado o tom de repúdio e descrença dos valores modernos que se entranharam na política. É possível fazer política de modo honesto, mas esse método está fora de moda. O que existe agora são nada mais que lobos lutando pelo maior pedaço de carne, e é cada vez mais difícil mergulhar nesse mundo sem abdicar de sua alma.
Tudo Pelo Poder é uma fábula moderna, uma análise quase fria de um cenário complexo e problemático. O filme começa bem devagar, parecendo sem intenção de chegar realmente a algum lugar, mas vale a pena seguir em frente, acredite. O clima fica bem mais intenso conforme a história progride e o roteiro reserva algumas boas surpresas. As atuações estão maravilhosas e Clooney sabe bem o que quer em sua direção. O filme pode deixar um gosto amargo na boca quando os créditos entram, mas como uma boa fábula, há uma moral. E o que fazemos com ela, é por nossa conta.
Nota: 4,5 de 5,0.
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