sexta-feira, 30 de março de 2012

O que Prometheus, de Ridley Scott, nos reserva

Já se vão 30 anos desde que Ridley Scott dirigiu Blade Runner. O filme viria a se tornar um ícone da ficção científica nas três décadas posteriores, mas Scott nunca mais voltaria a fazer algum trabalho no gênero. Na verdade, Scott se tornou uma lenda do sci-fi mesmo tendo dirigido apenas dois filmes nesse estilo, o outro sendo Alien. O fato engraçado é que isso não indica uma sobrestimação do diretor. Esses dois filmes, junto com 2001, Star Wars e uns poucos outros formam o panteão da ficção científica. Ainda que o trabalho de Scott tenha se mostrado bastante irregular nos últimos anos, alternando alguns filmes muito bons com outros pura e simplesmente dispensáveis ou precipitados, sua marca para o cinema já foi garantida. Isso faz com que o tão anunciado retorno de Scott ao gênero que o consagrou, programado para o meio deste ano, seja ainda mais ansiado. Prometheus já ganhou pôster, data de estreia (8 de junho), teve elenco e sinopse divulgados, mas ainda está mantendo escondida a maior parte de suas cartas, o que não só é natural, como estimula bastante discussões ao redor de si.

Os primeiros rumores anunciavam que Prometheus seria uma prequel a Alien, mas essas especulações gradualmente foram desmentidas. Por fim, descobriu-se que, segundo o próprio Scott, o longa será apenas um antecessor indireto a Alien, situando as duas obras num mesmo universo, mas sem uma conexão mais avançada. Alguns elementos em comum são óbvios: Michael Fassbender interpretará um androide, uma das marcas da série de ficção e terror - e mote central de Blade Runner, é claro -, e a trama mostra o homem começando a ganhar distâncias mais além no espaço. No centro do enredo está a descoberta de um mapa  estelar entre achados arqueológicos de uma variedade de sociedades da Antiguidade. Uma equipe embarca na nave Prometheus para seguir as indicações do mapa, buscando respostas para mistérios que podem estar por trás das origens da própria humanidade. Porém, eles acabam se deparando com algo maior do que imaginavam, e mais perigoso. No elenco estão ainda Noomi Rapace, Charlize Theron e Guy Pearce.

Impossível dizer o quanto estou empolgado para esse filme. Como fã de Alien, Blade Runner e Ridley Scott, esse novo trabalho do diretor é aguardado com expectativa. Ainda levo fé na capacidade de Scott de entregar um bom filme, apesar de algumas decepções recentes. No mais, o trailer é fantástico, e dá indicações de que os efeitos e a fotografia serão dignos de nota. É com o trailer, justamente, que encerro este post. Assistam e tirem sua próprias conclusões. Enquanto isso, esperamos junho chegar...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Análise: Jogos Vorazes

Adaptar livros é uma das maiores tendências cinematográficas dos últimos tempos. Isso em alguma medida sempre aconteceu (é só pensar que E o Vento Levou..., um dos primeiros clássicos do cinema, é uma adaptação de um romance), mas a cada ano parece que a maior parte dos lançamentos mais comentados se encaixa nesse estilo. Não tenho nada contra. Desde que bons filmes sejam produzidos assim, acho um recurso válido. Alguns livros, contudo, são extremamente difíceis de serem transferidos para as grandes telas, seja por seu conteúdo, seja por sua própria natureza literária particular, já que cinema e literatura são, a princípio, linguagens diferentes em essência. Assistindo Jogos Vorazes, não pude deixar de admirar as pessoas envolvidas na produção do filme. As particularidades do original, um texto que toca em temas delicados, brutais e com características extremamente sombrias tornavam sua versão cinematográfica algo bastante complicado. A equipe liderada pelo diretor Gary Ross, entretanto, conseguiu superar esses problemas e fazer um trabalho excelente, que já está sendo alardeado por algumas pessoas como uma das melhores adaptações dos últimos tempos.

A história do filme se passa em uma realidade pós-apocalíptica, onde o que era a América do Norte foi transformado em uma nova nação chamada Panem. No passado, os 13 distritos de Panem se rebelaram contra a capital protestando por causa de suas condições miseráveis. A revolta foi contida e, como lembrete de sua supremacia e aviso para possíveis novas revoltas, a capital instituiu os Jogos Vorazes. Os Jogos funcionam como um programa de televisão no formato de reality show onde todo ano um garoto e uma garota de cada distrito, de uma faixa que vai entre 12 e 18 anos, são selecionados para competir em uma arena até a morte, quando o último sobrevivente é aclamado o campeão.

Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) cresceu em meio a esse contexto brutal. Quando sua irmã de 12 anos, Primrose, é selecionada para competir nos Jogos - o que basicamente significa a morte certa -, Katniss toma uma decisão desesperada e se voluntaria para participar no lugar dela. Naturalmente talentosa com o arco - resultado de uma adolescência precisando caçar comida - e dona de uma personalidade marcante, Kat logo se torna uma favorita para vencer os jogos, ao contrário de seu companheiro de distrito, Peeta (Josh Hutcherson). O rapaz logo começa a se incomodar com a atenção oferecida a Kat, por quem está apaixonado, em preterimento a ele. Porém, quando os dois são jogados para valer na arena da competição, tudo muda de figura, em especial quando Kat passa a ser caçada por seus concorrentes devido a seu status de forte candidata. Para piorar, o presidente de Panem, Snow (Donald Shuterland, numa grata participação), está incomodado com a popularidade da garota, que pode inspirar os distritos a novos tumultos, e deixa bastante clara junto à organização do programa sua vontade de que Kat não sobreviva aos Jogos Vorazes.

Antes de mergulhar na análise, duas considerações. Uma é que o filme bateu recorde de público numa semana de estreia, figurando entres as três mais lucrativas aberturas da história do cinema. A outra é que o filme, como a sinopse indica, é razoavelmente pesado para crianças menores e exige um certo discernimento paternal. Agora, ao trabalho: o filme é incrivelmente bem executado. Gary Ross, Billy Ray e a autora Suzanne Collins fazem um roteiro ágil, bem-escrito e que consegue transpor as dificuldades de adaptação da história. O filme é excepcionalmente bem montado, mas depois que descobri que os responsáveis por esse departamento eram Stephen Morrione (ganhador do Oscar pelo maravilhoso Traffic) e Julliette Welfling , minha surpresa se justificou. A trilha assinada por T-Bone e James Newton Howard emociona pra valer, e lembra em alguns momentos o grande Michael Giacchino. Para não dizer que tudo são flores, a estética de câmera tremida que nunca gostei completamente me incomodou razoavelmente no começo, mas me acostumei eventualmente e superei esse porém.

Mas os louros vão, sem dúvida, para Jennifer Lawrence. A atriz já tinha feito bonito (em todos os sentidos - vocês não podem me ouvir, mas estou suspirando aqui) em Inverno da Alma, quando foi indicada ao Oscar. Depois do bom X-Men: Primeira Classe, Lawrence consegue um papel para solidificar sua carreira pós-aclamação e entrega uma atuação à altura da personagem. Além de Shuterland, o elenco também conta com a participação interessantes de nomes como Woody Harrelson e Stanley Tucci. Jogos Vorazes não é um filme fácil de digerir, com uma história que pode parecer bastante difícil de conciliar a princípio, mas o longa é consistente, tem uma mensagem poderosa e relevante e faz o ingresso valer muito a pena. É um ótimo começo para uma franquia, que pode render ainda bons frutos no cinema.

Nota: 5,0 de 5,0.

domingo, 25 de março de 2012

Top 10: Os melhores anos para o cinema

Deve ser alguma espécie de clima saudosista, uma nostalgia inesperada, que me assaltou recentemente. O fato é que nos últimos tempos venho cada vez mais pensando na história e origens do cinema. Acredito que um fator que tenha contribuído para isso seja, até mesmo pela época do ano que acabou de passar, o quanto eu andava me atendo a falar apenas do cinema contemporâneo aqui no blog, deixando meio esquecidos alguns grandes trabalhos de anos anteriores. É verdade que, desde que comecei o blog, tive a oportunidade de cobrir aqui alguns grandes filmes lançados nos últimos meses, de forma que não é um problema de qualidade. O cinema vai bem, obrigado. Mas é sempre importante parar um pouco e olhar para o passado de algo que possui uma história tão rica. Até mesmo meu último post já é um prenúncio da lista de hoje. É verdade, ela não é tão original assim. Tive a ideia há algum tempo atrás olhando listas parecidas em sites de cinema que costumo frequentar, de forma que resgatei a ideia com base nessa nostalgia recém-adquirida (que não me surpreende, considerando que sou acostumado a esse tipo de coisa). Resolvi listar, então, aqueles que, em minha opinião e na de muitos que gostam de cinema, foram os melhores anos em matéria de filmes. O único critério: ser um ano que viu o nascimento de vários grandes clássicos e longas que permaneceram na memória popular. Alguns desses anos são senso comum, outros são adições particulares com base no meu gosto unicamente. Uma diferença é que o Top 10 de hoje não está organizado por ordem de preferência, mas sim cronológica, por uma questão puramente estética. Quem acompanha esse blog, sabe bem minha opinião quanto ao pódio real dessa lista ;)

Sem mais rodeios, começamos por:

1939



Os clássicos: E o Vento Levou..., O Mágico de Oz, O Morro dos Ventos Uivantes (a versão mais famosa, de William Wyler), No Tempo das Diligências, A Regra do Jogo, Adeus, Mr. Chips, O Corcunda de Notre Dame


1939 foi um ano inegavelmente incrível para o cinema. Se eu tivesse visto mais dos clássicos lançados nesse ano, ele provavelmente estaria ainda mais alto em minha consideração. Mas o que já vi foi o bastante para me certificar de que esse ano definitivamente merece um lugar de destaque na história dos filmes.

1941


Os clássicos: Cidadão Kane, O Falcão Maltês, Suspeita, Dumbo, Como Era Verde Meu Vale, O Lobisomem (o mesmo que ganhou um remake meia-boca recentemente), Sargento York, As Três Noites de Eva


Simplesmente possuir o maior marco do cinema tal como conhecemos em si já é mérito o bastante para 1941. Ainda assim, o filme possui clássicos de vários outros diretores, como Hitchcock e John Ford, além de uma das mais tradicionais animações da Disney. Nada mal para um ano, não?


1967


Os clássicos: A Primeira Noite de um Homem, Bonnie e Cyde, A Bela da Tarde, No Calor da Noite, Adivinhe Quem Vem Para Jantar, O Livro da Selva, A Sangue Frio


1967 era um ano no qual o cinema estava mudando seu aspecto, fazendo quebras com características mais tradicionais. Os filmes lançados então refletem isso, com comédias de crítica social e denúncias sobre o racismo invadindo as grandes telas.

1974


Os clássicos: Chinatown, O Poderoso Chefão 2, A Conversação, O Jovem Frankenstein, Uma Mulher Sob Influência, Alice Não Mora Mais Aqui, F for Fake, Inferno na Torre, Assassinato no Expresso do Oriente


Esse ano começa a mostrar como a década de 1970 foi, pelo menos na minha opinião, a década para o cinema. Nomes como Polanski, Mel Brooks, Orson Welles, John Cassavetes e Coppola estão todos representados aqui, num ano com lançamentos incrivelmente fortes.

1976


Os clássicos: Taxi Driver, Rede de Intrigas, Todos os Homens do Presidente, Face a Face, Rocky, A Profecia, Carrie, a Estranha, 1900, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Caminho da Glória, Casanova (de Fellini)

Acho que já falei bastante de 1976 por aqui, então deixarei agora os títulos listados acima falarem mais alto. Um ano simplesmente absurdo para o cinema. Absurdo.

1977


Os clássicos: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Star Wars, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Os Embalos de Sábado a Noite, Suspiria, Momento de Decisão, Julia, Eraserhead, Esse Obscuro Objeto de Desejo


Uma dobradinha poderia parecer improvável nessa lista, mas 1977 não deve nada a 1976. O ano fecha a participação da magnífica década de 1970 nessa lista com louvor.

1982


Os clássicos: E.T., o Extraterrestre, Blade Runner, Fanny e Alexander, Tootsie, Poltergeist, O Enigma do Outro Mundo, Ghandi, Koyaanisqatsi, O Barco, O Ano em que Vivemos em Perigo, La Traviata, A Escolha de Sofia

Muitos anos do começo da década de 1980 poderiam entrar nessa lista, mas considero 1982 o mais marcante dessa leva, com filmes de praticamente todos os gêneros e para agradar todos os gostos. Esse ano representa uma das décadas mais marcantes de todos os tempos nesse Top 10.

1994


Os clássicos: Pulp Fiction, Um Sonho de Liberdade, O Rei Leão, A Fraternidade é Vermelha, Forrest Gump, Quiz Show, Entrevista com o Vampiro, Quatro Casamentos e Um Funeral, Assassinos por Natureza


Dois dos meus filmes favoritos de todos os tempos - Pulp Fiction e Um Sonho de Liberdade - mais minha animação clássica preferida da Disney fazendo desse ano presença obrigatória nessa lista. Pra mim, páreo a páreo com 1976.

1999


Os clássicos: Beleza Americana, Tudo Sobre Minha Mãe, Quero Ser John Malkovich, Toy Story 2, Matrix, Clube da Luta, O Sexto Sentido, A Bruxa de Blair, O Informante, Meninos Não Choram


1999 fechou o milênio de forma esplêndida. Excelentes dramas, o melhor filme de Almodóvar (o que é alguma coisa, não?), filmes de terror de linguagem revolucionária, filmes da ação de montagem inovadora... podemos dizer que o ano merece estar aqui.

2008


Os clássicos (?): O Cavaleiro das Trevas, WALL-E, Deixa Ela Entrar, Quem Quer Ser Um Milionário, Vicky Cristina Barcelona, O Curioso Caso de Benjamin Button, A Partida, Valsa com Bashir, Milk

Escolhi colocar uma interrogação ali em cima porque achei mais prudente. 4 anos é pouco tempo para aclamar um filme como clássico, mas sem dúvida é tempo o bastante para apontar o que ficou de marcante. O melhor filme de super-heroi de todos os tempos, a melhor animação 3D e o melhor filme de terror dos últimos anos garantem a 2008 o posto de melhor ano recente para filmes.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Flashback: Rede de Intrigas

Eu já mencionei, mais exatamente em minha resenha de Taxi Driver, que considero 1976 talvez o melhor ano para o cinema de todos os tempos (empatando, provavelmente, com 1994). A quantidade de filmes que viriam a ser considerados clássicos lançados em 1976 é impressionante. Dentro desse leva espetacular está Rede de Intrigas - Network, no original -, filme do grande Sidney Lumet, falecido em 2011, um dos melhores cineastas que Hollywood já conheceu. Não apenas o roteiro do filme é simplesmente genial, como é impossível deixar de ver nele algo de profético. Produzido numa época em que a televisão era algo bem diferente, Rede de Intrigas parece ter previsto a loucura que tomaria conta das emissoras décadas depois, além do advento do jornalismo de sensacionalismo. Isso também contribui para dar um caráter quase universal à trama do filme, que faz por merecer seu posto de marco do cinema dos anos 1970.

Howard Beale (Peter Finch) é um dos âncoras há mais tempo em atividade na rede de televisão UBS, apresentando há muitos anos um tradicional programa jornalístico. Porém, sua audiência não é mais a mesma, o que leva o departamento de jornalismo da emissora a decidir aposentar seu programa. Após receber a notícia de seu chefe e amigo de longa-data Max Schumacher (William Holden), Beale entra numa depressão profunda, que o leva a anunciar em rede nacional que, devido a seu afastamento, irá cometer suicídio em frente às câmeras no próximo programa. O anúncio enfurece seus superiores, mas acaba tendo efeito contrário no público, que faz com que o jornal volte ao topo dos índices de audiência e Beale se torne novamente uma estrela. O jornalista, por sua vez, se torna uma espécie de cronista e profeta de seu tempo, cunhando a frase de fúria "I'm mad as hell and won't take it anymore", que rapidamente cai no gosto popular (e, por sua vez, se tornou uma das mais famosas do cinema).

O sucesso de Beale logo chama a atenção de Diana Christensen (Faye Dunaway), a ambiciosa chefe do departamento de programação. Em busca desesperadamente de um grande sucesso, Diana convence seu chefe, o mau-caráter Frank Hackett (Robert Duvall), a transferir Beale para o departamento de entretenimento, entregando ao jornalista cada vez mais neurótico um programa de auditório. Ao mesmo tempo, Diana seduz Max e o envolve em um relacionamento extra-conjugal extremamente problemático. Enquanto Max se envolve completamente, Diana, por sua vez, passa a se preocupar com o fenômeno Beale que ela própria ajudou a criar. A loucura do jornalista e a absoluta devoção do público para com ele logo se tornam quase insustentáveis, e Diana e Frank precisam pensar numa solução para evitar perder ainda mais o controle da situação.

Howard Beale é praticamente uma premonição do roteirista Paddy Chayefsky ao sensacionalismo e aos programas de auditório centrados no carisma de seu apresentador. Beale encontra eco em vários profissionais do meio atuais, inclusive no Brasil. Mais do que isso, sua trama desmistifica o jornalismo e escancara os jogos de poder que acontecem nos bastidores, onde conceitos de informação e qualidade jornalística são o que menos importa. A genialidade do roteiro de Chayefsky transborda nas telas. O filme possui alguns dos melhores diálogos e monólogos já produzidos para o cinema. Ironia e humor negro conferem uma agilidade notável a trama, criando um tom único para o longa: uma obra de temas densos e pesados, mas retratada sob a fina veia da comédia e a direção espetacular de Lumet.

Alimentando tudo isso, estão as atuações impecáveis do elenco, um dos melhores que Hollywood já colocou em uma mesma produção. Além de um Oscar de roteiro, o filme levou os prêmios de atriz para Dunaway, ator para o esplêndido Finch (póstumo, já que infelizmente o ator faleceu aos 60 anos pouco depois de terminar de gravar suas cenas), e atriz coadjuvante para Beatrice Straight (a atuação mais curta a ganhar um Oscar), o que revela o prestígio que o longa e seu elenco obtiveram consequentemente. Rede de Intrigas é um grande feito cinematográfico, uma análise seca, porém vital, do universo do jornalismo, mandatório para quem se interessa por cinema. Uma das mais bem-trabalhadas obras de Lumet, que merece todo o reconhecimento que ganhou ou ainda ganhará.

Nota: 5,0 de 5,0.

terça-feira, 20 de março de 2012

Análise: Shame

Se há um filme que gerou um número considerável de controvérsias ao redor de si nos últimos tempos, esse filme é Shame, apenas o segundo longa do diretor britânico Steve McQueen. Sua abordagem direta e explícita do sexo aparentemente não agradou em nada o público médio e conservador de cinema, e verdade seja dita, consigo entender o porquê. Não que eu ache as cenas de sexo de Shame algo do outro mundo - para quem já viu Os Idiotas ou O Anticristo de Lars Von Trier, essas cenas ficam quase banais -, mas inegavelmente elas fogem do padrão "seguro" estabelecido para o cinema pipoca. Mas o problema das polêmicas aqui é que elas acabam desviando o foco da discussão do próprio filme e falando mais alto. Shame é muito mais do que polêmicas e, por trás delas, há uma história interessante, bem-trabalhada e inegavelmente perturbadora.

A trama tem como foco Brandon Sullivan (Michael Fassbender, facilmente uma das melhores atuações do ano), o típico trintão bonito, bem-sucedido e independente, morador de Nova York e modelo de sucesso do século XXI. Por trás dessa fachada, porém, há um Brandon compulsivo por sexo. Ele flerta com desconhecidas no metrô, acessa pornografia no trabalho, sai a noite com o único objetivo de sexo sem compromisso e não consegue imaginar uma relação com uma mulher que não se baseie exclusivamente em tesão. A rotina previsível de Brandon, porém, é interrompida com a visita de sua irmã Sissy (Carey Mulligan), uma aspirante a cantora. A relação dos dois não é das melhores: Brandon se vê incomodado com a intromissão de Sissy em vários aspectos de sua vida, em especial sua vida sexual, e não consegue lidar bem com o fato dela engajar um relacionamento com seu próprio chefe, um homem casado. A aproximação dos irmãos eventualmente começa a despertar o que há de pior em Brandon e intensificar sua obsessão sexual, a ponto de levá-lo a queimar todas as suas pontes sociais - além de tornar Brandon cada vez mais insensível aos problemas da própria irmã.

Steve McQueen tem alguns momentos de genialidade em Shame. Sua direção é segura e garante algumas cenas memoráveis. Assistir a personagem de Carey Mulligan cantando "New York, New York" e levando seu irmão às lágrimas quase produz o mesmo efeito no público. O ápice dramático do filme também é de tirar o fôlego, mais um ponto para McQueen. A seu dispor e para sua grande ajuda, estão os trabalhos do montador Joe Walker e do diretor de fotografia Sean Bobbitt (que, aliás, faz um espetáculo de sutilezas ao longo do filme que ajuda a suavizar seu peso quando necessário, mas não "poupa" o espectador de nada ao mesmo tempo). O roteiro não se preocupa em oferecer muitas respostas. O que impulsionou a compulsão de Brandon, o que aconteceu em seu passado, que problemas que aconteceram entre ele e sua irmã anos antes do período do filme, nada disso é realmente importante para a história que Shame quer contar. O filme é uma análise crua sobre a derrocada de uma pessoa vencida por seus demônios e a dificuldade de superar os próprios monstros. Não há nada de erótico em sua execução, apenas uma jornada de incertezas.

No mais, Shame é um palco para Fassbender. O ator tira de letra um personagem extremamente complexo e perturbado, numa atuação bastante corajosa. Tiro meu chapéu. Pondo tudo isso em consideração, fica o reforço: o filme é uma obra para ser analisada além de suas controvérsias. Ele recebeu uma classificação adequada de 18 anos, e isso é o bastante para resolver a questão da abordagem do sexo. O resto é com o público. Para quem gostou de Réquiem para um Sonho, longa genial de Darren Aronofsky que também aborda o tema da obsessão, no caso, da dependência de drogas, Shame é obrigatório. Vale a pena ser conferido.

Nota: 4,5 de 5,0.

domingo, 18 de março de 2012

Top 10: Os piores títulos de filmes em português

Traduzir é uma arte. Mais do que isso, é uma arte extremamente complexa. Traduzir envolve manter o sentido do material original intocado, e o original pode muitas vezes conter todo um jogo de sentidos e muitas vezes não ter uma tradução exata em uma língua estrangeira. Ainda assim, é uma arte que muita gente domina bem e, apesar de todas as dificuldades, algo possível. Porém, há ocasiões em que parece que foi feito um grande esforço para se obter um resultado extremamente capenga. Mais do que falta de habilidade, nesses casos parece que o que falta é bom senso. Não é diferente na questão do cinema. Muita gente com certeza já denunciou "legenda errada" para quem estava ao lado no meio de um filme. Mas um caso em especial e que chama muita atenção é o dos títulos dos filmes em português. Não se enganem, na maior parte das vezes aquela história de ser fiel ao original não se aplica aqui. Os responsáveis pelo título simplesmente resolvem exercitar sua imaginação (que não é lá muito grande) e dar títulos quase aleatórios aos longas que chegam ao Brasil. A lista de hoje é justamente sobre isso: títulos que destoam tanto do original que chegam a ser risíveis. E eu prometo, esse top 10 é o mais engraçado já feito nesse blog. Não podia ser de outra forma, enfim.

10 - Atração Perigosa
Original: The Town, simplesmente "A cidade"

Regra número um para fazer títulos de filme em português: o título precisa conter ao menos "amor", "desejo", "paixão", "atração", "perigo". Não tem, tá errado, tente de novo. Não importa que seja ficção científica, regra é regra. No caso do filme dirigido por Ben Affleck, o simples fato de existir, de fato, uma atração entre dois personagens justifica essa explosão de imaginação - só que não - dos distribuidores do filme no Brasil. Sério, qual o problema em um filme chamado "A cidade"?

9 - A Malvada
Original: All About Eve, nada mais do que "Tudo sobre Eve"


Você pode não saber tudo sobre Eve ainda, mas já dá pra saber que ela é malvada, não? Mais um exemplo em que não há nada de errado com o nome original, mas parece que ele não ganhou muitos fãs por aqui.

8 - Entrando Numa Fria
Original: Meet the Parentes, ou seja, "Conheça os pais"


Para não atirar tantas pedras nos responsáveis por essa inspiradíssima adaptação, eles conseguiram capturar o espírito do que é conhecer os sogros. Ok, meu humor não é lá muito melhor, número sete, seguindo em frente.

7 - Namorados Para Sempre
Original: Blue Valentine, o que pode ser entendido como "Dia dos namorados deprê"


Eu até acho que o título em português é para ser entendido como uma ironia, mas vamos lá, alguém realmente pensaria nessa possibilidade à primeira vista? Dessa forma, o novo título é provavelmente o mais sacana já concebido em terras brasileiras. Você tá pra baixo, aluga um filminho de título bonitinho achando que a vida é maravilhosa e bem, fica pior ainda ao ver um dos filmes mais depressivos já feitos.

6 - A Noviça Rebelde
Original: The Sound of Music, um direito e certeiro "O som da música"


EU SEI, o título virou clássico, sinônimo de todo um gênero, mas isso não muda o fato de que é uma adaptação terrível. Eu me pergunto quantas pessoas não foram ao cinema em 1965 achando que iam ver uma comédia rasgada com uma noviça aloprando por aí.

5 - Meu Primeiro Amor 2
Original: My Girl 2, continuação de My Girl, "Minha garota"


E então que eles traduzem "My Girl" por Meu Primeiro Amor. Até vai. O problema é quando o filme ganha uma continuação (extremamente desnecessária). O que fazer? "Meu segundo amor"? Na realidade, não sei nem se alguém parou para pensar no problema, mas o título inusitado já é clássico. Mas quem não se lembra de seu segundo primeiro amor como se fosse hoje, não é verdade?

4 - Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
Original: Annie Hall, que é o nome da "noiva nervosa", não tem tradução


Regra número dois para fazer títulos de filme em português: nomes próprios são proibidos. Não insista. Invente. Quanto mais elaborado, melhor. "Vamos botar esse título para o pessoal entender que é uma comédia, que tal?"

3 - Amor, Sublime Amor
Original: West Side Story, "História de West Side", uma zona de Nova York


Mais um título que virou clássico, embora seja completamente destoante do original. No caso, essa versão não simplesmente destoa, mas, não satisfeita, se dá ao trabalho de ser a mais genérica possível. Sério, dá para encaixar centenas de argumentos sob esse título. Experimentem.

2 - Assim Caminha a Humanidade
Original: Giant, simplesmente "Gigante"


Parece Lulu Santos, mas é a versão brasileira para Giant. Um título breve e cheio de significados, mas vamos por uma moral para a história bem explicitada logo no título, por que não?

1 - Os Brutos Também Amam
Original: Shane, nome do protagonista do filme


Lembram da regra número dois? Nada de nomes. O que fazer? Regra número um ao resgate: joga "amor" no título que a missão está cumprida. Ah, acredite se puder, é faroeste. Mas com um título desses, aposto que você não pensou em outra coisa imediatamente.

sexta-feira, 16 de março de 2012

As estreias do cinema em 2012

Com o primeiro trimestre de 2012 já se aproximando de seu fim, cada vez mais começam a surgir várias notícias em sites, fóruns e meios especializados sobre os lançamentos programados para os próximos meses. Embora essa seja uma época do ano - entre o Oscar e as férias de meio de ano - em que os cinemas costumam ver uma diminuição de seu número de frequentadores e poucas grandes estreias sejam anunciadas, é também um período de muitas especulações e ansiedade para quem gosta de filmes. Pensando nisso, decidi fazer uma compilação do que de mais importante ou aguardado está marcado para estrear, ainda que lá fora, até dezembro. Prepare-se, então, para fazer sua própria lista de filmes mais aguardados do ano.


Para começar, nada como os bons e velhos blockbusters. Nesse quesito, três filmes se destacam como os mais comentados desde o ano passado. O primeiro deles é O Hobbit, antecessor (ou, como diria-se na linguagem corrente, prequela - horrível, eu sei) de O Senhor dos Anéis. O filme será dirigido pelo realizador da trilogia Peter Jackson e tem no elenco Ian McKellen, Ian Holm e Andy Serkis reprisando seus papéis e Martin Freeman assumindo como o jovem Bilbo. O filme só compete em pré-popularidade com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, último filme da genial trilogia do defensor de Gotham City imaginada por Christopher Nolan. As estrelas dos dois primeiros filmes retornam: Christian Bale como o cavaleiro mascarado, Gary Oldman como o comissário Gordon, Michael Caine como Alfred, Morgan Freeman como Lucius Fox. Além deles, há a adição de Anne Hathaway como a Mulher-Gato, Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy. Outro sucesso de notícias é Os Vingadores, aguardada reunião de super-herois da Marvel, que reunirá o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffallo), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) sob o comando de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Ainda no campo de super-herois, atenção para o reboot da série Homem-Aranha, com Andrew Garfield assumindo o papel principal. O elenco traz ainda Emma Stone, Sally Field e Martin Sheen.

Nas animações, o destaque óbvio é Valente, sendo considerado por muitos "o retorno da Pixar", em especial após o fracasso - em termos de crítica, claro, mas não de público - de Carros 2. Dessa vez, a protagonista é, pela primeira vez, uma mulher. Fãs do estúdio, eu incluído, já estão enlouquecendo a cada novidade sobre o filme. Também é bom manter olho vivo com Frankweenie, nova animação dirigida por Tim Burton, depois de A Noiva Cadáver. Podemos esperar algo bem sombrio, obviamente. Tim Burton também lançará outro filme, este um live action chamado Dark Shadows, baseado numa famosa soap opera dos anos 1960. No filme, Johnny Depp interpretará um vampiro que acorda depois de 200 anos, em nosso mundo moderno. No elenco ainda estão Helena Bonham Carter, Michelle Pfeiffer e Chloë Grace Mortez.

Alguns dos melhores diretores em atividade também tem estreias programadas, para empolgação de muita gente. É o caso de Tarantino, que fará sua homenagem aos faroestes clássicos com Django Unchained. Jamie Foxx interpretará o protagonista, auxiliado por um elenco de peso formado por Leonardo DiCaprio, Christoph Waltz, Sacha Baron Cohen e Samuel L. Jackson. Walter Salles, um dos mais famosos diretores brasileiros mundo afora, continua sua investida no cinema de Hollywood com On the Road, adaptação do clássico livro de Jack Kerouac. Contando com protagonistas relativamente desconhecidos, com exceção de Kristen Stewart, entre os nomes de apoio figuram Viggo Mortensen, Kirsten Dunst e Amy Adams. Depois de A Árvore da Vida, Terrence Malick planeja lançar outro filme em 2012 - o que, caso se realize, será o menor intervalo na entre duas produções na filmografia do diretor. O projeto ainda não tem nome e está cercado de mistérios, mas como Malick é um dos diretores mais competentes da atualidade, o que justifica a empolgação.

Mais definidos estão os projetos de dois diretores que ganharam o Oscar recentemente. Tom Hooper, ganhador por O Discurso do Rei, lançará uma adaptação em formato de musical de Os Miseráveis, clássico de Victor Hugo. A produção será protagonizada por Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway e Helena Bonham Carter. Já Kathryn Bigelow, a vencedora por Guerra ao Terror, fará uma nova excursão ao Oriente Médio narrando os eventos que levaram à morte de Osama Bin Laden em 2011. O filme está sendo divulgado como Zero Dark Thirty e o nome de Jessica Chastain, indicada ao Oscar esse ano, já foi vinculado à produção. Para fechar esse apanhado, que acreditem, foi bem sucinto, impossível deixar de destacar Lincoln, versão da vida do famoso presidente americano pensada por Steven Spielberg, estrelada pelo monstruoso Daniel Day-Lewis no papel principal e por Sally Field, Joseph Gordon-Levitt e Tommy Lee Jones. Menções honrosas vão para Pi, de Ang Lee (O Tigre e o Dragão, O Segredo de Brockeback Mountain), e The Master, de Paul Thomas Anderson (Sangue Negro).

E então, caro leitor, empolgou-se com algo? Quais são suas estreias mais aguardadas? 2012 está parecendo despontar com bastante beleza no horizonte do cinema. Vamos esperar que esses filmes sustentem todas as expectativas depositadas neles, além de esperar, é claro, por boas surpresas.

domingo, 11 de março de 2012

Top 10: As maiores heroínas do cinema

Dia 8 de março foi o Dia Internacional da Mulher. Há quem não goste nada da data, por uma série de razões, mas isso não vem ao caso aqui. O fato é que ela me levou a uma reflexão sobre o papel das mulheres no cinema desde sua criação: no processo de criação, no momento da produção, na frente ou detrás das câmeras. Como em vários outros setores da sociedade, a participação feminina dentro do cinema foi sendo ampliada aos poucos, experimentando um grande crescimento nas últimas décadas. Ainda assim, é inegável que a maior parte dos diretores, roteiristas, diretores de fotografia, montadores, produtores e etc são homens. De qualquer forma, há mais condições agora, sem dúvida, para mulheres se destacarem na indústria do que a algum tempo atrás. Mais do que isso, até pouco tempo os papéis fortes femininos no cinema eram raros. Quase sempre as histórias eram contadas do ponto de vista masculino, e embora consigamos achar exemplos do contrário desde os primórdios de Hollywood, eles eram exceções e não o padrão. De fato, a presença de uma heroína feminina em um filme era extremamente raro. Dessa forma, como uma singela homenagem, separei  o top 10 de hoje para listar as heroínas mais marcantes, significativas ou simplesmente mais legais da história do cinema. O resultado você confere abaixo:

10 - Jackie Brown
Interpretada por Pam Grier em Jackie Brown, de Quentin Tarantino

Quase uma anti-heroína e definitivamente uma das poucas negras a assumir uma posição assim em Hollywood, a personagem-título do filme mais sub-apreciado de Tarantino é também a personagem mais complexa de sua filmografia. E, com uma habilidade sem igual de dar uma volta na dupla de traficantes interpretada por Samuel L. Jackson e Robert De Niro, uma das mais legais também.


9 - Nikita
Interpretada por Anne Parillaud em Nikita, de Luc Besson

Um dos raros exemplos de heroína do cinema europeu que conquista outras partes do mundo, a fama da criminosa transformada em agente do governo foi tão grande que deu origem a dois seriados, um atualmente em exibição.


8 - Hit-Girl
Interpretada por Chloë Grace Moretz em Kicks-Ass, de Matthew Vaughn

A politicamente incorreta Hit-Girl se destaca nessa lista por, bem, além de ter 11 anos, ser também a única e exclusiva razão pela qual o protagonista de seu filme consegue se manter vivo. Criada pelo pai com um treinamento quase militar, ela torna Kick-Ass um filme ainda melhor.


7 - Lisbeth Salander
Interpretada por Rooney Mara em Os Homens que Não Amavam as Mulheres, de David Fincher

Sociopata, hacker e traumatizada por um histórico de abusos, Lisbeth Salander está longe de ser, por essência, uma pessoa encantadora. Mas seu senso de justiça e sua insubmissão a violência, em especial contra as mulheres, a tornam uma heroína de respeito.


6 - Yu Shu Lien
Interpretada por Michelle Yeoh em O Tigre e o Dragão, de Ang Lee

Lutadora marcial da China medieval, Yu Shu Lien é também muitas vezes o apoio e socorro que falta a Li Mu Bai, amigo e paixão de sua vida. Sua perícia na luta é uma das muitas graças desse belíssimo filme.


5 - Beatrix Kiddo, ou simplesmente A Noiva
Interpretada por Uma Thurman em Kill Bill, de Quentin Tarantino

Incansável em sua busca de vingança contra o Bill do título, seu ex-amante que ordenou seu assassinato, seus trajes, seu estilo de luta e sua determinação viraram rapidamente icônicos e conquistaram para ela um lugar de honra nessa lista.


4 - Sarah Connor
Interpretada por Linda Hamilton em O Exterminador do Futuro, de James Cameron

De vítima indefesa a gradualmente protetora incondicional de seu filho e guerreira de sangue-frio, Sarah Connor é outra personagem dessa lista a dar origem a uma série de televisão, que tenta explorar um pouco da audácia dessa líder da resistência contra às máquinas.


3 - Clarice Starling
Interpretada por Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme

Starling já teve várias releituras no cinema, mas a versão de Jodie Foster para a policial ainda é a melhor de todas. Enfrentando com coragem Hannibal Lecter e outro perigoso psicopata, Starling é uma das heroínas mais fortes e críveis do cinema.


2 - Princesa Leia
Interpretada por Carrie Fisher em Star Wars, de George Lucas

A primeira musa nerd é ainda uma das heroínas mais representativas do cinema. Sem medo de pegar em armas e entrar no meio da batalha, Leia e seu penteado particular são recordações instantâneas ao se pensar na magnífica série de George Lucas. Mais importante nessa categoria do que ela no cinema, só mesmo...


1 - Ellen Ripley
Interpretada por Sigourney Weaver, em Alien, o Oitavo Passageiro, de Ridley Scott, e ainda melhor em Aliens, o Resgate, de James Cameron

Não poderia ser diferente. Alien chocou o mundo ao mostrar como última sobrevivente uma mulher (e nem venham reclamar de spoiler para um filme de mais de 30 anos), algo impensável na época. Ripley passou a ser a úncia adversária de verdade para os temíveis aliens. A interpretação de Weaver é tão marcante que ela se tornou uma das poucas pessoas a ser indicada ao Oscar por um papel de ficção científica. A definição de heroína do cinema.